domingo, 25 de fevereiro de 2007

ASSASSINATO

Os vizinhos descobriram
Por causa do mau cheiro
Que o amor já tinha morrido
Em meados de fevereiro

Assassinado barbaramente
Por causas desconhecidas
Tinha marcas de violência
E em volta, ilusões perdidas

Dizem que esse amor costumava
Ser tranquilo e simpático
Os vizinhos nunca notaram nada
Até o evento traumático

As investigações prosseguem
Sem nenhuma novidade
Os suspeitos são o ciúmes,
A rejeição e a saudade.

A perícia já concluiu
Que a morte se deu aos poucos
O amor antes de morrer
Foi acorrentado a alguns desgostos

Até fecharmos a redação
O amor não foi identificado
E se alguém souber de alguma coisa
Por favor, que fique calado.

B.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

meu ideal de amor

- Desculpa, querido! - Como ela acha que ia resolver tudo falando isso.
Como se meu perdão resolvesse alguma coisa. Além disso, ela sabe, mesmo sem eu dizer, que eu faria qualquer coisa por ela. Sem clichê ou promessas - tudo. Era uma condição.
Estávamos lado a lado, sem culpa, sem medo e nem benção. Só não pensava exatamente nisso, mas não consigo ficar com raiva dela agora.
Aquele olhar doce, firme e agora cheio de medo, só me dava mais vontade de nunca mais olhar para nada. Mas eu tenho que olhar o trânsito, eu tenho que prestar atenção – carros, placas, buracos, curvas... Então ela faz o que não poderia fazer de jeito nenhum naquele momento: seus olhos se inundam de desespero e ela aperta meu braço, achando que ele é mais forte do que parece e as lágrimas começam a molhar minha blusa. Paro o carro e a abraço.
Era a única coisa que poderia fazer.
Ficamos alguns séculos abraçados até passar uma sirene na estrada que me chama para a realidade.
-Tudo vai ficar bem - digo, mesmo sem ter certeza.
Ela finge que acredita e, mais calma, pega um mapa no porta-luvas e localiza uma represa perto dali onde podemos jogar o corpo que está no porta-mala - como eu amo essa mulher!