quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

meu ideal de amor

- Desculpa, querido! - Como ela acha que ia resolver tudo falando isso.
Como se meu perdão resolvesse alguma coisa. Além disso, ela sabe, mesmo sem eu dizer, que eu faria qualquer coisa por ela. Sem clichê ou promessas - tudo. Era uma condição.
Estávamos lado a lado, sem culpa, sem medo e nem benção. Só não pensava exatamente nisso, mas não consigo ficar com raiva dela agora.
Aquele olhar doce, firme e agora cheio de medo, só me dava mais vontade de nunca mais olhar para nada. Mas eu tenho que olhar o trânsito, eu tenho que prestar atenção – carros, placas, buracos, curvas... Então ela faz o que não poderia fazer de jeito nenhum naquele momento: seus olhos se inundam de desespero e ela aperta meu braço, achando que ele é mais forte do que parece e as lágrimas começam a molhar minha blusa. Paro o carro e a abraço.
Era a única coisa que poderia fazer.
Ficamos alguns séculos abraçados até passar uma sirene na estrada que me chama para a realidade.
-Tudo vai ficar bem - digo, mesmo sem ter certeza.
Ela finge que acredita e, mais calma, pega um mapa no porta-luvas e localiza uma represa perto dali onde podemos jogar o corpo que está no porta-mala - como eu amo essa mulher!