terça-feira, 26 de junho de 2007

Livros são livres

Livros são livres para fazer definições
Eu não sou livro, nem livre de definições
Livres aqueles que não acreditam nos livros,
nem em definições
Afinal livros são livros:
Litros de palavras que formam as frases
Frases que informam as pessoas
Pessoas que transformam seu tempo
Pessoas são livres, assim como os livros
Para entenderem o que quiserem disso

Porque livros, mesmo livres, são apenas livros.

B.

Direitos humanos para os humanos direitos

Inocêncio gostou muito do livro que ganhara. Não parou de ler nem quando o ônibus passava nos mais dignos buracos. “Os direitos humanos no cotidiano”. Livro grosso, bem ilustrado e com muitas informações interessantes. Ele estava animado com o projeto social que participava, o Educararte. Pensava nisso enquanto caminhava até sua casa. Foi quando notou um homem suspeito andando atrás dele. Ficou com medo, pois o bairro era perigoso. Fez menção de correr, mas o peso do livro prejudicaria seu desempenho. O ladrão já estava muito próximo dele. Não teve dúvidas. Virou e acertou em cheio a cabeça do meliante que ameaçava sua integridade de cidadão de bem. Saiu correndo e na pressa deixou os tão adorados direitos humanos ao lado do marginal desacordado. Nisso passou um mendigo que acompanhava o fato de longe. Ele pegou o livro do chão e o examinou. Juntou o livro aos seus outros pertences e foi para baixo do toldo de uma loja. Deitou-se sobre os papelões, colocou o livro debaixo da cabeça, se cobriu com seu cobertor esfarrapado e dormiu, assim como Inocêncio, o sono dos justos.