quinta-feira, 24 de maio de 2007

A um grande amigo...

O maior bem está em saber-se amar. Começo assim esta carta já que desconheço outra forma de citar, incitar o amor se não for escrevendo-o, redigindo e colocando letra por letra.
Te escrevo para te dizer que há muito não escrevo, não encontrava inspiração. Talvez estivesse procurando um motivo que jamais encontraria. O mundo onde vivemos nos desencoraja.
Para entender de realidade é preciso que se viva, por isso, amigo, vivas a você! Essa carta espera poder confortá-lo e confrontá-lo com o absurdo do amor, digo absurdo pois o próprio amor é absurdo, assim como qualquer atitude que prove a existência de tal sentimento, por isso a carta... O amor já não existe em conversas corriqueiras.
Essa carta irá encontrá-lo com saúde, levando saudades e levantando questões metafísicas de tempo e espaço, pretendo te escrever simplesmente por te escrever, não tenho muito a dizer só quero te lembrar que vale a pena resistir e insistir em ser feliz.
Gostaria de compartilhar contigo, amigo, a minha falta de esperança nesses dias que virão, fica escrito aqui a mais completa desilusão com os nossos contemporâneos, porém espero que a chama da criação continue acesa para nós, sãos.
Também gostaria de compartilhar, amigo, toda a frivolidade inevitável que vivemos, nos dias consumidos de luminosa solidão continuamos a observar o nosso bizarro mundo; Que sua busca continue constante e firme!
Enfim, meu grande amigo, essa carta vai levando um pouco de mim, para te ofertar reflexões sobre o saber-se amar, sobre como as coisas fúteis têm tanto lugar e o absurdo fica para os poucos/loucos como nós.
Reconfortantes abraços e sinceras bobagens a todos os meus amigos
(inclusive aos que eu ainda não conheço)

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Quanto mais mexe...

Cocozinho era expansiva embora reservada. Era muito espirituosa e queria que todos a admirassem. Gostava de conversar, mas só com gente da sua classe.
O ruim era quando estava fresca, aí a cocozinho se mostrava bem. Se esparramava por toda a parte, de acordo com a sua vontade, e com todo aquele enjôo, era triste. Não queria mais se mover do lugar e virava um terrível cocozinho mole. Não chegava a ser insuportável porque além de todo mundo gostar da cocozinho, mais por costume que por prazer, ela era necessária. Durinha, com tudo em cima, suas formas e seu perfume já eram conhecidos e todos de algum modo faziam questão de tê-la por perto.
Não era boa de papo, mas também como conversar com cocô? Serve para várias coisas, mas não dá para se divertir muito. Mostrar, exibir, mas não tentar um contato maior - isso era impossível para a cocozinho.
Cocozinho, às vezes, saia e ficava só, num canto. Pensando? Não, que cocô não pensa. Continuava querendo chamar a atenção, mas ficava isolada – não para refletir - mas para não se misturar ao resto daquela merda toda.