Série: Humor amargo
I
Numa sala muito bonita e espaçosa estão várias pessoas da alta classe paulistana conversando numa animada
reunião quando alguém fala para uma mulher negra, a única negra no encontro de amigos :
-Você é uma mulher negra.
Todos se calam e olham para o homem que falou. Vários
cochicham e se ouve um:
-Nossa, que gafe!
A mulher tenta se controlar, mas sai correndo aos prantos.
A
mulher do homem branco diz, nervosa, a ele:
- Você só me faz passar vergonha. Precisava ser grosseiro
desse jeito.
-Mas eu só disse algo que todo mundo tá vendo.
-Você não entende mesmo. Vai pedir desculpa pra mulher
agora.
-Por quê?
-Como assim? – ela fala mais nervosa ainda – Você humilhou a
mulher.
Ele vai até o quarto e as pessoas no caminho o olham feio.
A mulher negra
está sentada cercada por outras pessoas e quando o vê começa a gritar:
-Você, seu porco, precisa falar essas coisas na frente de
todos? Eu devia te processar, seu preconceituoso
E começa a chorar no colo
de outra:
- Eu fiz de tudo, não ouço mais pagode, operei o nariz, alisei
o cabelo. Pra quê? – e volta a chorar copiosamente.
Mas ele numa tentativa de consertar as coisas, dá a facada
final:
-Mas não tem problema nenhum ter origem pobre, crescer na
favela.
Ela começa a chorar ainda mais.
A dona da casa chega e fala para o homem:
-Desculpe, vou pedir para você se retirar . Não vou admitir
comportamento racista na minha casa.
E o cara fica parado na porta sem entender enquanto sua
mulher bate a porta do carro.