segunda-feira, 3 de março de 2008

As mulheres rompendo barreiras


Minha mãe não quis ser super protetora. Daquelas mães que dão para cobrar, que cuidam e controlam. Ela quis ser diferente da mãe dela, quis deixar correr solto, criar os filhos para o mundo e acabou deixando de lado uma proximidade que só o amor expressado através do carinho pode significar. Ela quis ir tão contra um modelo que, além de lhe ter feito muito mal, ela julgava ultrapassado.

Eu fico pensando nessas conquistas todas da mulher que são alardeadas pelas “revistas femininas,” mas não posso esquecer que essas conquistas, além de não terem sidos muitas, também são muito recentes se pensarmos na história da humanidade. Aconteceu justamente na geração da minha mãe, a revolução feminina, a pílula, os valores despedaçados. Mas valores que, apesar de disfarçados pela dita mentalidade aberta, continuam muitos arraigados e muito machistas. Os valores tradicionais que as mulheres carregavam foram desfeitos: nenhuma mulher mais se prepara a vida inteira para servir ao marido, a casa e aos filhos – será? Foi permitido às mulheres estudar, trabalhar e é claro se afastar da famigerada dupla fogão e tanque, elas não precisam mais saber cuidar de uma casa, elas agora estão no mercado de trabalho. E aí eu pergunto se esse afastamento do digamos “lar doméstico” é saudável mesmo? Será que elas ao quererem (ou precisarem ) se apresentar de unhas feitas e dentes brancos ao mercado não as afastou demais de valores que são muito importantes na história da humanidade como a relação mãe e filho? Será que elas cometeram o mesmo equívoco da minha mãe que ao se afastar de um modelo, exagerou do outro lado?

Não defendo que todas as mulheres devem ter forno e fogão como matéria nas escolas, nem que minha mãe não tenha cumprido seu papel de educar-me e me transmitir tudo de importante que ela considerava, mas todos nós – homens e mulheres – deveríamos saber – ao menos ter noção – de como deixar a casa limpa e arrumada e fazer uma comidinha deliciosa para receber quem você ama. Simples demonstrações de afeto que não são valores femininos ou masculinos, mas que foram e vão continuar sendo valores humanos.

6 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, às vezes parece que algumas mulheres exageram. Tenho medo, de verdade. As pessoas não entendem que abandonam um estereótipo e simplesmente criam outro.

Unknown disse...

Essa reflexão é muito importante nos dias de Hoje... atrás de grandes conquistas podem se esconder grandes perdas e algumas vezes são necessárias.

Essa Eh Minha Professora !!!
Texto Muito Bom!!!

Anônimo disse...

Achei o seu blog lendo o Laboratório e espero que você não se importe, mas achei seu blog tão bom que coloquei um link no meu (http://persistenciadamemoria.wordpress.com/)

Hoje mesmo li um texto da Simone Beauvoir sobre o trabalho feminino e portanto foi uma coincidência boa achar um texto como o seu pela internet.

Antes éramos “presas” devido às leis machistas. Depois de muita luta ganha, não só pelo esforço feminino, mas também pelo poder econômico (claro que é interessante para o comércio que as mulheres trabalhem).Ganhamos direitos iguais.Podemos trabalhar. E agora, será que estamos livres?
Será que temos escolha de ficar em casa?Claro que não. Agora, homens e mulheres são presos, não pela lei,mas pela lei do dinheiro.

Parabéns pelos bons textos,
Ingrid

Anônimo disse...

revolução feminina ou feminista? a culpa é das mulheres, mesmo ou não há um compartilhar do cuidado entre homens e mulheres.... é muito simples culpar as mulheres, elas sempre cuidaram...

Anônimo disse...

parece que tu mãe fez bom trabalho...

Ana Paula disse...

Quem te viu, quem te vê!
hahahahahaha!
Sinceramente, acredito que depende de nós, mulheres da mudernidade, criarmos homens e mulheres incapazes de fazer distinções de gênero para manifestações de afeto. Simples assim!